segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Como não poderia ser de qualquer jeito, Ele chegou no meio da festa


Na jornada de escrever sobre o livro de Atos consegui a façanha de chegar ao capítulo 2. Notem que faz mais de um ano que comecei. L Vamos em frente! At 2. 1-13

Na Bíblia NVI (Nova Versão Internacional) o título do capítulo 2 é ‘A Vinda do Espírito Santo no Dia de Pentecoste’. Neste dia, os discípulos de Jesus estavam reunidos num só lugar. Parece redundante: ‘reunidos num só lugar’. Penso que Lucas já previa os tempos de internet, quando estamos reunidos, mas em lugares diferentes.

A Festa de Pentecoste era realizada todos os anos e tinha tudo para ser igual às outras. Mas não foi. De um lado turistas, crianças, curiosos. Tinha gente de muitos lugares diferentes. Pessoas leves, com o intuito de passear e sair da rotina. De outro lado, alguns homens aflitos, preocupados em cumprir uma missão. Não tinham entendido direito ainda o que aconteceu com o seu Mestre. Ainda degustavam os últimos acontecimentos.


Dias antes ceavam com Ele. Viram-no curar e ensinar como nenhum outro. Que voz era aquela que ao ecoar atraía milhares de pessoas? Viram-no perder a força e sufocar a eloquência nas chibatadas dos seus algozes. Dias depois, viram seu túmulo, vigiado pelas autoridades, vazio. O corpo de Jesus sumira. Não. Apenas voltou para o lugar – entre os Seus.

Neste contexto, alguém esperava ansioso para estar com a humanidade. O Espírito Santo. Sempre O imagino a correr de um lado para o outro no céu e insistir: “Pai, deixa-me descer”? Chegou a hora. Como não poderia ser de qualquer jeito, Ele chegou no meio da festa. “Causando” como dizem os jovens. “De repente veio do céu, um som, como de um vento muito forte, e encheu toda a casa”. Atos 2.2

Imagine a cena. Línguas de fogo vieram do céu sobre as pessoas. Objetos saíram do lugar. A música que dançavam passou a ser outra. Vozes terrenas começaram a se comunicar com anjos. Deve ter sido uma coisa extraordinária. Se aqui na terra, quando somos visitados pelo Espírito, ficamos como embriagados, imaginem na primeira vinda? Lucas nos conta que as pessoas ficaram atônitas e maravilhadas e perguntavam uns aos outros: “O que significa isso”? (Lc 2.12) Deve ter sido tudo! Aliás, foi tudo!


Sempre tem alguém na espreita, na tentativa de estragar a festa. O capítulo encerra com zombadores e incrédulos, mas não tem importância. No fundo eles sabiam que era a promessa da vinda do Consolador que se cumpria. Como acabou a festa? Não acabou. O Espírito Santo gostou tanto da recepção que ficou entre nós até hoje.

Dois pesos e duas medidas

Certa vez saí chateada de uma aula de Sociologia da Comunicação quando a professora nos explicou a origem e a cultura do “jeitinho brasileiro”. Expressões, ou melhor, atitudes como carteiraço, “não faz mal mentir um pouquinho, atrasar um pouquinho, enganar um pouquinho”, entre outros jeitinhos, viraram características do brasileiro.

A esperteza, acima da simplicidade do outro, desperta orgulho nos quatro cantos do país e a malandragem virou charme. Então, nos alarmamos com a corrupção no governo e nos sentimentos lesados pela desonestidade daqueles que deveriam atender as necessidades da população.
Bom. Não era sobre isso que eu ia escrever. Mas sobre algumas regras valerem para uns e não para outros. Sabe quando você pergunta: “Quanto é?” E alguém responde: “Pra quem é?” “Será que podes atender tal dia”? “Depende quem precisa de atendimento”. Todo mudo se incomoda quando algo precisa ser julgado e a sentença fica a mercê das personagens da situação e não da justiça. Mas, e se for conosco?

Usar dois pesos e duas medidas é qualificar uma situação de acordo com a conveniência dos interessados. A expressão vem dos comerciantes desonestos que usavam duas balanças e dois metros para negociar. 

A Bíblia critica este comportamento:“Não tenham na bolsa dois padrões para o mesmo peso, um maior e outro menor. Não tenham em casa dois padrões para a mesma medida, um maior e outro menor. Tenham pesos e medidas exatos e honestos, para que vocês vivam muito tempo na terra que o Senhor, o seu Deus, lhes dá. Pois o Senhor, o seu Deus, detesta quem faz essas coisas, quem negocia desonestamente.” Dt 25.13-16

Como brasileira, insisto em dizer que tem brasileiro honesto. Sim. Têm brasileiros que devolvem o troco, que assumem erros, que pagam as multas que mereceram, que lutam por igualdade, que não aceitam o que é do outro. Vivemos no mundo da indicação para o emprego, do ‘alívio’ das penalidades para os conhecidos, entre outros pesos e medidas diferenciados. Cabe a nos não nos conformarmos e, se possível, fazer soar o alarme.


Comigo não, violão! 

Luisa Neves