quarta-feira, 23 de maio de 2018

Se compreender melhor o caminho que me irrita, vou trocar de rua antes de me deparar com o contragosto


É incrível... tá, é crível mesmo, o tempo em que gastamos para aprendermos a nos relacionar com outras pessoas. Procuramos em outras pessoas amigos e colegas compatíveis. Alguns por terem as mesmas preferências, faixa etária e assuntos em comum. Há também as ligações que se dão justamente pelas diferenças. Assim, ajustamo-nos como peças de quebra-cabeças e até nos divertimos com os extremos. Minha amiga adora cozinhar. Eu escrever. Saio de casa só para experimentar um sushi. Minha amiga é louca por cachorro quente.

O assunto está bom, mas não é sobre isso que quero escrever.


Minha intenção nessa manhã gelada, 9º no Sul do Brasil, é discorrer sobre a necessidade de nos relacionarmos com a pessoinha que a gente vê no espelho todos os dias. O fato é meus amigos que enquanto não compreendermos nossas verdadeiras e, muitaaaas vezes, escondidas intenções, será demasiado difícil conhecermos os outros.

É verdade que procuramos relacionamentos que nos preencham lacunas. Não venha dizer que não tem expectativa com os outros porque não vou acreditar. Não vou mesmo. Pode até ser nossas vidas não transcorram de acordo com as reações alheias. Entretanto, esperamos respostas o tempo todo, sejam elas com esperança ou já prevendo que o indesejável pode acontecer. Mas, quase tudo transcorre na vida de acordo com a reação de quem convive conosco.

Assumo aqui minha dependência de amigos, colegas e familiares. Gosto que me ouçam, gosto de ouvir. Gosto de agradar, estender a mão e espero um carinhoso "oi, Lu, que saudade". No entanto, tenho aprendido (e ainda falta muito) que preciso me conhecer, saber do que mais gosto, evitar o que me irrita e tentar medir e prever minhas reações.

Se eu me conhecer, não vou sujeitar aos que convivem comigo aos meus rompantes, momentos de chateações, desabafos amargos e críticas constantes. Se eu realmente saber o que quero, não estarei de mau humor por estar diante de alguém ou situação, correndo o risco de estragar a festa do outro (preciso falar a respeito disso em outro post).

Se realmente souber como vou reagir diante de um presente, posso ajudar quem vai me oferecer um mimo. Se compreender melhor o caminho que me irrita, vou trocar de rua antes de me deparar com o contragosto.


De nada adianta livros sobre as trocentas dicas de relacionamento se eu não conhecer a principal pessoa que pode colocar tudo a perder a qualquer momento: euzinha.

O autoconhecimento pode ser doloroso. Podemos nos deparar com uma pessoa arrogante, egoísta e chata. Mas, há ventos bons aqui. Pode ser que estejamos de frente do melhor de nós que esta escondido por autodefesa, decepção e medo.

Relacionar-se com o outro vai depender muito, mas muito mesmo, do nosso autoconhecimento. Não está bem? Diga não! Não vá a festa. Faça terapia. Busque a Deus. Faça uma oração. Envolva-se consigo. Faça as unhas. Coloque um tênis, vá correr. Corra muito. Dance na sala. Sozinho. Cuide das plantas. Deite e coloque os pés na parede.

Só depois de tudo isso, saia de casa e seja um bom relacionamento para outros. Ninguém. Ninguém mesmo pode ser refém das nossas mazelas. Adocemos-nos para não azedarmos o outro.

E vamos que vamos!

"Acima de tudo, guarde o seu coração, pois dele depende toda a sua vida". Provérbios 14.23


Luisa Neves, jornalista, dependente de Deus, tentando ser uma pessoa melhor


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